A eficiência da manutenção e a classificação dos seus activos
A classificação dos activos de manutenção em relação à sua criticidade é essencial para a ajudar a gestão da manutenção a definir as suas prioridades.
Na definição de uma estratégia de manutenção pró-activa e eficiente em que os meios e recursos, normalmente reduzidos, devem estar focados nos activos com maior impacto para os resultados da empresa, deve haver consciência de quais são os riscos associados a possíveis problemas técnicos nos activos que constituem o parque de máquinas da empresa.
Nível de Risco
O nível de risco de um acontecimento é caracterizado pelo seu impacto e a probabilidade do mesmo acontecer, normalmente a sua avaliação é feita numa matriz de risco que combina estes dois princípios. Pela figura podemos concluir que o risco é mais elevado na zona vermelha com impacto e probabilidade consideráveis, a verde as zonas com menor risco e a amarelo risco médio.
Avaliação de criticidade dos activos
Por vezes confunde-se a criticidade de um equipamento com o risco deste ter problemas técnicos, mas na realidade têm de se ter em conta as consequências da falha. A ISO 55000 sugere que um activo critico deverá ser aquele que tem potencial para impactar consideravelmente na concretização dos objectivos da empresa.
Podemos assim concluir que a avaliação de risco dos activos de manutenção não é focada nos equipamentos mas sim nas suas consequências para a empresa.
Necessidade de avaliar a criticidade dos activos
Não há maior desperdício do que utilizarmos o nosso tempo e recursos a fazer algo que não vai ser utilizado no futuro.
Por esta razão antes de se iniciar a análise da criticidade dos activos da manutenção deve-se ter noção para que é que vai servir esta classificação.
A classificação de criticidade dos activos pode ser utilizada para diversos fins na manutenção, mas vai depender das politicas da empresa e dos seus objectivos de gestão. Algumas das decisões que podem ter como suporte a classificação de risco dos activos são as seguintes:
- Elaboração de um plano de manutenção eficiente de acordo com os recursos da empresa;
- Definição do plano de manutenção preditiva;
- Definição das prioridade no planeamento dos trabalhos;
- Elaboração da lista de spar parts necessárias para os equipamentos críticos;
- Activos em que vai ser efectuado um maior esforço da engenharia para melhorar a sua fiabilidade;
- Investimentos;
- Etc, etc…
Compreender o risco dos acontecimentos
Como referido anteriormente, o risco deve ser avaliado de acordo com as consequências que um acontecimento possa ter para a empresa. Por exemplo existem duas linhas de produção, em que uma produz para o cliente mais importante da empresa todas as semanas do ano e a outra trabalha para outros clientes com uma frequência inferior. Na classificação de risco, os activos da primeira linha devem ter sempre uma avaliação superior aos da segunda.
A empresa tem dois compressores que são redundantes e para satisfazer as necessidades de consumo da empresa, só necessita de estar a trabalhar um, o risco não é muito elevado. Existem outros dois compressores nas mesmas condições, mas são compressores de amoníaco, o risco de uma fuga pode ter consequências para a saúde, para o ambiente e até para a credibilidade da empresa. Sendo assim, embora exista um sistema redundante, o risco é superior.
Pode-se assim concluir que quando é classificado o risco de uma potencial falha nos activos de manutenção, tendo em conta as sua consequências para empresa, deve ser avaliado o seu impacto em várias vertentes: produção, manutenção, saúde, ambiente, qualidade e mais alguma área que se considere que possa trazer um impacto negativo para a empresa.
Fazer a análise de criticidade dos activos
Para iniciar o processo de classificação dos activos em relação ás consequências de uma potencial falha, deve-se reunir uma equipa multidisciplinar de diversas áreas da empresa que possam trazer inputs importantes para as tomadas de decisão, por exemplo a manutenção, produção, segurança, qualidade, etc.
A análise deve ser iniciada pela elaboração da matriz de risco impacto/probabilidade e definir quais as áreas que devem ser avaliadas como impacto para a empresa (produção, ambiente, saúde, segurança, conformidade legal, reputação da empresa, etc). A probabilidade pode ser analisada matematicamente ou tendo em conta a experiência e o histórico de falha dos activos.
A análise dos activos não deve ser feita numa lista em que estarão todos ao mesmo nível, o que torna o processo moroso e confuso, mas optar-se por uma análise hierárquica por níveis da instalação.
A análise deve ser sempre dos níveis superiores para os inferiores e a classificação dos inferiores deve ser sempre igual ou menor do que a dos níveis superiores. Esta definição vai estruturar e acelerar o processo de análise tornado-o mais eficiente.
Estratégia para diminuir o risco
Após a classificação dos seus activos os gestores devem definir estratégias para mitigar os riscos de ocorrência das potenciais falhas, um exemplo de uma tabela de decisão pode ser a seguinte:
Conclui-se assim que, numa manutenção eficiente, em que o seu esforço e recursos devem ser distribuídos de acordo com os objectivos da empresa, a classificação da criticidade dos seus activos é fundamental para o apoio à decisão e organização da gestão da manutenção.
Gil Santos,
Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e Pós Graduado Em Gestão de Energia e Eficiência Energética, iniciou a sua carreira profissional na área da manutenção industrial em 1996 na indústria automóvel, tendo posteriormente ocupado cargos de gestão de manutenção em diversas indústrias como: metalomecânica, ambiental, química, alimentar e aeronáutica.
Autor do blog ‘Manutenção Industrial Moderna’, onde partilha a sua visão sobre a eficiência da gestão da manutenção.